domingo, 17 de março de 2013

O cara da camisa

(enviada para o Pedro) Eu vou para a escola a pé, e na grande maioria das vezes, sozinha. Não sei como, mas quase todo dia eu esbarro com o mesmo cara. Óculos quadrados, aros quase invisíveis, cabelos enrolado, castanho, jeito engraçado de andar, vez por outra, com fones de ouvido. A primeira vez que o vi, quase o parei, em plena Baronesa de Itu, para lhe dizer o quanto gostava da sua camisa. Preta, mas com o símbolo do Red Hot Chilli Peppers.Eu não sou fã, nunca fui, mas naquelas semanas eu andava ouvindo bastante. Eu parei, olhei, pensei, pensei de novo e decidi que não, isso não é coisa que faça e continuei meu caminho. Eu vejo esse cara sempre. Ele olha pra mim, eu olho pra ele. Eu acho que ele deve pensar "Olha, a garota dos óculos estranhos!", e enquanto ele pensa isso eu digo pra mim mesma, "Que coincidência! O cara da camisa !" Eu me pergunto qual será o nome do sujeito, a idade, onde trabalha, se estuda ou não, onde mora, que pretende fazer da vida, o que queria ser quando crescesse,que número calça... Mas isso iria ser completamente estranho, não acha? Bem, nesses dias eu não ando o vendo por ai... De repente ele foi morar em outra cidade, estado, país, talvez ele tenha ido fazer doutorado na Austrália, onde ficam os cangurus, talvez ele seja veterinário, ou simplesmente goste do jeito engraçado deles de andar, sei lá... Talvez algum dia eu esbarre com ele por ai...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Cachorro

E lá estava eu, em um sábado á tarde, voltando do mercado. Peguei o elevador, e já dentro do elevador, ouvi um som, um choro. Mas não choro de gente, choro de cachorro. Seria um cachorro do prédio ? De que andar ? Talvez o poodle da síndica, do oitavo. Ou não. Aquela cadela era muito pomposa, filhinha de madame para estar chorando. O cachorro que chorava parecia estar realmente triste, realmente melancólico. Como o fantasma da ópera que vaga, sem rumo. Poderia ser daquele senhor do segundo andar, aquele que vive e fala sozinho. Ou da moça do quarto, aquela que nunca está em casa, aquela que sempre está trabalhando, podia ser. E ainda tem a famíla do primeiro, composta por uma mãe, um pai, e dois filhinhos com idade de cinco e oito anos. Aquela família, que parece nunca brigar, que até parece a família perfeita. Realmente poderia, mas vou pra casa que o elevador parou no meu andar, e a minha mãe precisa fazer almoço.